segunda-feira, 25 de abril de 2011

Aprendendo com os desenhos...



O desenho na pré-escola: o olhar e as expectativas do professor




"Toda criança desenha. Mesmo que não seja adequadamente instrumentada para tal, a criança pequena quase sempre encontra uma maneira de deixar, nas superfícies, o registro de seus gestos: se não tiver papel, pode ser na terra, na areia, ou até mesmo na parede de casa; se não tiver lápis, serve um pedaço de tijolo, uma pedra, ou uma lasca de carvão."

"O olhar que o professor dirige ao desenho da criança apóia-se nas concepções que ele tem sobre o desenho enquanto linguagem, idéias constituídas na sua própria história e experiência com a linguagem. Apóia-se também em seus conhecimentos sobre as possibilidades do grafismo infantil, noções adquiridas durante a sua formação e ao longo de sua experiência profissional. Todo esse conhecimento traduz-se em expectativas com a produção infantil, que definem o diálogo que o professor estabelece com a criança sobre seus desenhos, interação que pode ser marcada pelo incentivo, pela advertência, pela indiferença."

"Percebemos que o desenho "perfeito" é também aquele que se aproxima mais da estilização padronizada do real; é o que nos indica a satisfação do professor diante da reprodução de modelos divulgados pelos manuais de 'desenho pedagógico', diante das clássicas estilizações infantis, como o desenho da casinha e o da figura humana, e ainda ante o cumprimento de procedimentos padronizados, como o preenchimento de áreas previamente contornadas e a ocupação 'homogênea' da folha de papel.(...) Esta expectativa desconsidera o fato de que são mœltiplas as percepções que se pode ter de um mesmo objeto, por diferentes pessoas, ou pela mesma pessoa em momentos diferentes."

"É grande a responsabilidade do professor na construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento do desenho infantil. É certo que o prazer encontrado pela criança no desenho deixará de existir se não forem permitidas a exploração de sua função expressiva e a realização de seu potencial criativo. Precisamos repensar as expectativas que temos do desenho da criança, assim como o diálogo que estabelecemos com ela a respeito da sua produção gráfica. Além disso, precisamos discutir as oportunidades concretas para o fazer artístico na Pré-escola."
Publicação: Série Idéias n. 14. São Paulo: FDE, 1992.
Páginas: 53 a 61










Mais desenhos educativos aqui:
https://picasaweb.google.com/thabatadalbo/CompletandoOsDesenhos#

sábado, 23 de abril de 2011

Mensagem de Páscoa



Em minha cesta de Páscoa, você encontrará muitos desejos para o amor e a felicidade, para a saúde a prosperidade, para a sabedoria e o conhecimento, e para o prazer e o relax.
Desejo a você saúde, felicidades, alegria, equilíbrio, harmonia e que consiga ir além das etapas ordinárias e descubra resultados extraordinários.
Que continue tentando alcançar suas estrelas. Que realize seu sonho.
Que reconheça em cada desafio a oportunidade, e seja abençoado com o conhecimento de que tem a habilidade para fazer cada dia especial.
Que tenha bastante riqueza para atender suas necessidades, e sempre lembre que o tesouro real da vida é o amor.
Agradeço o seu carinho e agradeço por todas as maneiras que somos semelhantes e todas as maneiras que somos diferentes.
Agradeço a Deus, do fundo do coração, com um sorriso interno que eu desejaria que todos pudessem ver... A Ressurreição do Mundo. Pois ainda não entendiam a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos... (João 20:9).
Pela lei fundamental da natureza, todas as coisas se renovam constantemente, cumprem um ciclo e se renovam.
Deus deu-nos as estações - cada uma com suas próprias belezas e razão, cada uma significando uma benção, uma alegria, e o sentimento do amor.
Deus deu-nos sonhos - cada um com seu próprio segredo, cada um emitido para dar-nos sentimentos de inspiração, esperança, e tranqüilidade.
Deus deu-nos a luz do sol, o arco-íris e a chuva, a beleza e a liberdade da natureza para ensinar-nos a sabedoria.
Deus deu-nos milagres em nossos corações e vidas, coisas pequenas que acontecem no dia a dia, para nos lembrar que estamos vivos.
Deus deu-nos a habilidade de enfrentar cada novo dia com coragem, sabedoria, e um sorriso de saber.
Saber que seja o que tivermos que enfrentar é mais fácil com Deus habitando em nossos corações.
Sobretudo, Deus deu-nos amigos para ensinar-nos sobre o amor e para guiar-nos através deste mundo, e Ele está sempre disponível para ajudar-nos para uma compreensão maior e compartilhar e dar mais amor.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso

 



RESUMO
O desenvolvimento adequado da linguagem é um dos fatores fundamentais para que o
desenvolvimento infantil ocorra de forma harmônica em todas as esferas, seja do
ponto de vista social, relacional ou ao nos referirmos à aprendizagem formal. A
aquisição da forma, conteúdo e uso da linguagem assumem papel importante na
construção da mesma e na compreensão de sua organização interna. Entretanto, não
são incomuns problemas que podem interferir neste curso. Este artigo se propõe a
realizar uma revisão sobre a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, fala e
cognição, inserindo posteriormente os percalços que podem interferir neste
desenvolvimento, dentre eles o atraso simples de linguagem, desvio fonológico,
distúrbio específico de linguagem, alterações na fluência e alterações
semântico-pragmáticas. Estas dificuldades podem trazer prejuízos secundários à
aprendizagem escolar.
Unitermos: Desenvolvimento da linguagem. Desenvolvimento infantil. Cognição.
Comunicação. Fala. Transtornos do desenvolvimento da linguagem.


AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Compreendendo Linguagem
A aquisição da linguagem depende de um aparato neurobiológico e social, ou seja,
de um bom desenvolvimento de todas as estruturas cerebrais, de um parto sem
intercorrências e da interação social desde sua concepção. Em outras palavras,
apesar de longas discussões sobre o fato da linguagem ser inata (de nascença) ou
aprendida, hoje a maior parte dos estudiosos concorda que há uma interação entre
o que a criança traz em termos biológicos e a qualidade de estímulos do meio7,8.
Alterações em qualquer uma dessas frentes pode prejudicar sua aquisição e seu
desenvolvimento.


O desenvolvimento da linguagem implica na aquisição plena do sistema lingüístico
que nos possibilita a inserção no meio social, a possibilidade de assumir a
nossa identidade, além do desenvolvimento dos aspectos cognitivos.

Saiba mais sobre os disturbios de aquisição de linguagem como:
DIFICULDADES NO PERCURSO
ATRASO SIMPLES DE LINGUAGEM
DESVIO FONOLÓGICO
DISTÚRBIO ESPECÍFICO DA LINGUAGEM
 FLUÊNCIA
ALTERAÇÕES SEMÂNTICO-PRAGMÁTICAS


CLICANDO AQUI ENTENDA MAIS SOBRE O ASSUNTO

Rev. psicopedag. vol.25 no.78 São Paulo  2008
  Renata MousinhoI; Evelin SchmidII; Juliana PereiraIII; Luciana LyraIII; Luciana
MendesIII; Vanessa NóbregaIII
IFonoaudióloga, doutora em Lingüística, Professora Adjunta da UFRJ
IIFonoaudióloga, mestre em Lingüística, PUC-RJ
IIIFonoaudióloga, mestre em Lingüística, UFRJ

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A ESCOLA ESTÁ DE LUTO...



Neste dia tão triste para Educação brasileira quero compartilhar com todos, este texto da Conceição Trucom que acho vem bem acalhar neste momento de dor para todos nós.
Estamos todos chocados e já não aguentamos mais tanta violência e impunidade.















Pedido de Demissão da Vida Adulta


Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.
Quero de volta uma vida simples e sem complicações.
Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e os sonhos de uma criança. 
Quero acreditar que o mundo é justo, e que todas as pessoas são honestas e boas.
Quero acreditar que tudo é possível. 
Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo. 
Estou cansada de dias cheios de papéis inúteis, computador, notícias deprimentes, contas, fofocas, doenças, e a necessidade de atribuir um valor monetário a tudo que existe. 
Não quero mais ter que inventar jeitos para ganhar dinheiro para pagar por coisas que verdadeiramente não necessito. Inventar palavras como desnecessidades...
Não quero mais dizer adeus a pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida. Elas ficam, a partir de agora, eternamente vivas no meu mundo da imaginação. 
Quero deitar a cabeça em meu travesseiro todas as noites, chamar ao Deus Todo-Poderoso de "Papai do Céu" e apagar cinco segundos depois. 
Quero ter a certeza de que Ele está mesmo no céu, e que durante o sono nos encontramos e conversamos um monte. 
Quero ir tomar suco de laranja da manhã na padaria da esquina, e achar bem melhor do que um restaurante cinco estrelas. 
Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel.  Navegar numa poça deixada pela chuva. A mesma chuva que me molhou inteira porque 'amei' continuar brincando na rua. 
Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam. 
Quero andar me equilibrando nos paralelepípedos como se fosse a grande equilibrista do circo.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque posso comê-las e ficar com a cara toda lambuzada. 
Quero levar duas horas comendo o meu Galack, torcendo para que ele nunca acabe. 
Quero ficar feliz quando amadurece a primeira manga, ou quando tenho que colher todas as goiabas no pé para fazer doce na panela de barro. 
Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos. 
Quero voltar a achar que picolés são as melhores coisas da vida. 
Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um 'pique pega', um jogo de cartas, dominó ou fazer túneis na areia da praia... 
Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, dos números de 1 a 10, das cantigas de roda, recitar a 'batatinha quando nasce' e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia... 
Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar, causar medo e aborrecer. 
Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia. E mais: quero estar convencida de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro! 
Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do supermercado, as receitas do médico, o talão de cheques, os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação, o pacotão de contas a pagar, a declaração de renda, a declaração de bens, as senhas do meu computador e das contas no banco, e resolvam as coisas do jeito que quiserem. A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto. 
Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar, porque... 
PIQUE! O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ! e, para sair do pegador, só tem um jeito: demita-se você também dessa sua vida chata de adulto, e venha brincar comigo. Vamos andar na chuva sem medo de se molhar, de resfriado. 
NÃO TENDO MEDO DE SER FELIZ! 
Aqui estão alguns dos nossos mais profundos, sinceros e ocultos desejos. 
A simplicidade do universo de uma criança faz muita falta em nossos dias, em nossos corações. 
A ambição e o egoísmo acabam sempre se tornando maiores. Nesse estado, julgamos, criticamos e atacamos. Sofremos. 
Na pureza de uma criança somos como O SOL que irradia luz e alegria para todos, indiscriminadamente. 
Por isso, de vez em quando, demita-se! 
Ou melhor, viva como se estivesse eternamente demitido de tanta complicação. Comece agora a estudar a possibilidade de enxugar a enorme quantidade de gordura que existe nas exigências da sua vida. Celular? Cartões? Empregada? Agenda? Seguros? Carros? 
Afaste-se das complicações criadas pelo mundo dos adultos. Dos sentimentos mesquinhos e pequenos deste mundo. 
E fique mais próximo do único sentimento que realmente vale a pena: a PAZ e vontade de desfrutar a vida, ou seja, de brincar, de rir muito aquele riso frouxo de criança...
E viva mais feliz! 

domingo, 3 de abril de 2011

Avaliação assistida em crianças com hipotiroidismo congênito


O objetivo deste estudo foi avaliar o funcionamento executivo das crianças com
diagnóstico de hipotiroidismo congênito por meio da avaliação dinâmica
utilizando a resolução de problemas. Os resultados revelaram dificuldade em
integrar, categorizar e estabelecer a representação das relações entre os
elementos do problema. Os dados foram coletados por meio de avaliação assistida.
Dessa forma, conclui-se que há necessidade de mudança na proposta escolar para
que a criança com hipotiroidismo congênito tenha efetividade no rendimento
acadêmico.
Unitermos: Resolução de problemas. Hipotireoidismo congênito. Avaliação
educacional. Cognição.

INTRODUÇÃO
A capacidade de pensar, raciocinar, formular hipóteses, representar mentalmente
situações e operar sobre uma situação inicial visa à solução de problemas1. Para
isso, combinamos elementos do conhecimento, usando técnicas e conceitos
adquiridos para organizar a solução para uma situação nova. Nem toda situação
desafiadora caracteriza-se como uma situação problema. Quando nos encontramos
diante de um problema e conhecemos os elementos necessários para sua resolução,
seguimos automaticamente um roteiro de ação e assim agimos mecanicamente2.
A forma como entendemos a tarefa, processamos a informação e as relações mentais
que construímos são condicionadas pelas atividades propostas e, por isso,
influenciam e estruturam a capacidade de pensamento e de raciocínio e, em última
análise, a aprendizagem da matemática3.
Ao resolver situações-problema, o sujeito inventa a matemática e desenvolve a
capacidade de formalizar e organizar o pensamento. Assim, aos poucos, faz a
conexão da percepção da situação real e dos conceitos matemáticos, estabelecendo
uma base adequada para a aprendizagem das operações formais, conseguindo
aplicabilidade na vida real3. Utiliza as funções executivas relacionadas ao
córtex pré-frontal, caracterizadas basicamente pela capacidade de controlar,
direcionar, gerenciar e integrar as funções cognitivas, emocionais e
comportamentais na execução voluntária e consciente das ações necessárias para
administrar contingência, em função de um objetivo4-7.
O hipotireoidismo congênito caracteriza-se por alterações na função da glândula
tireóide ao nascimento, com consequente alteração das concentrações dos
hormônios tireoideanos. O diagnóstico de hipotireoidismo congênito pode ser
confirmado após triagem neonatal, com as dosagens séricas de TSH de 5,2 µU/mL e
T4 livre normal ou < 0,7 ng/dL. O hipotireoidismo congênito tem prevalência de
aproximadamente 1:3.500 e pode causar retardo mental se a reposição hormonal com
hormônios tireoideanos não se fizer logo após o nascimento8.
A falta de hormônios tireoideanos resulta em disfunção em áreas específicas do
cérebro, afetando a região parietal posterior, responsável pela localização
espacial; os lobos temporais inferiores, responsáveis pela identificação dos
objetos; o núcleo caudado, relacionado com a atenção; o hipocampo, associado à
memória, e pode resultar também em perda auditiva. Avaliações de pacientes com
hipotireoidismo congênito, mesmo identificados e tratados precocemente por meio
de triagem neonatal, demonstram que a inteligência alcança pontuações dentro da
normalidade. Entretanto, esses pacientes apresentam transtornos menores na
atenção, memória, percepção visuoespacial e linguagem9,10.
A modalidade de avaliação assistida é utilizada para obter informações sobre
processos cognitivos funcionais, disfuncionais e em vias de desenvolvimento, bem
como favorece a quantidade e o tipo de intervenção necessária para produzir
mudança no processo cognitivo11.
A avaliação assistida pode ser definida como um processo interativo de avaliação
baseada no funcionamento cognitivo e que procura avaliar o pensamento, a
percepção e a aprendizagem numa proposta de resolução de problemas. Diferente do
teste convencional, a avaliação assistida fica centrada nos processos, nos
instrumentos, na situação de avaliação e na interpretação dos resultados11. O
conceito de avaliação assistida é amplo, pois inclui várias teorias,
metodologias, funções e objetivos relacionados com as novas concepções de
inteligência e com as várias propostas de avaliação, tais como a avaliação
psicopedagógica dinâmica12 e a avaliação do processamento cognitivo com
resolução de problemas13.
Por meio da representação mental, o cérebro humano representa a realidade e as
experiências, organizando a simbolização. Com isso ocorre a elaboração do
conceito e a abstração da forma como é exigida para a resolução de problemas13.
No processo de integração das informações, para a resolução de um problema mais
complexo, ocorrem sucessivas mudanças na representação inicial. Essas mudanças
representacionais podem ocorrer em três instâncias: codificação, combinação e
comparação seletiva13. A informação real que os sujeitos percebem de objetos,
ideias e eventos são facilmente verbalizáveis, quando tentam resolver situações
problema, por meio da linguagem oral2.
Esta forma de avaliação pode ser utilizada como uma abordagem complementar à
avaliação padronizada, normativa, de modo a retratar um quadro global e acurado
do funcionamento cognitivo, uma vez que cada abordagem responde a questões
diferentes e complementares11.
Essas concepções teóricas baseadas na plasticidade cerebral da cognição humana
facilitam as novas medidas para avaliar as crianças diferentemente dos testes
convencionais. Dessa forma, o conceito de inteligência deixa de ser entendido
como uma habilidade inata e facilita a compreensão das diferenças individuais no
pensamento, na percepção, na aprendizagem, na solução de problemas e na
interação social. Todas as alternativas de resposta devem ser consideradas para
verificar o real desempenho em resolução de problemas, antes de inferir que são
decorrentes de uma incapacidade para aprender. Baseado nesta proposta esse
estudo procurou avaliar o funcionamento executivo em crianças com diagnóstico de
hipotiroidismo congênito na resolução de problemas.


RESULTADOS
Foram avaliadas 42 crianças com hipotireoidismo congênito, com idades entre 5 e
15 anos. Todas estavam matriculadas em escolas públicas do ensino regular, sendo
que a maioria cursava o ensino fundamental.
Muitas crianças não estavam habituadas a resolver a tarefa do modo como esta foi
apresentada no Roteiro de Observação Clínica Orientado para Aprendizagem e foram
necessárias várias estimulações. Após a compreensão da solicitação, houve
adequada interação da criança e a resolução ocorreu de modo tranquilo.
Durante a realização das atividades, as crianças procuraram conversar com a
examinadora ou brincar com o material. Os temas de interesse discutidos foram
programas de televisão, heróis preferidos e assuntos religiosos. Nessas
ocasiões, as crianças conseguiram expressar-se de maneira clara e precisa na
comunicação oral. Não foram observadas alterações nos processos de planejamento
e organização. As crianças demonstraram confiança em relação ao julgamento sobre
o próprio desempenho. Mostraram-se decididas e com capacidade de iniciativa,
porém demonstraram ansiedade, pois interrompiam os assuntos ou as atividades
iniciadas, tentando falar sobre o que realizavam. A maioria das crianças não
teve eficiência na produção final desta tarefa.
Na resolução de problemas, apesar de possuírem domínio dos conceitos necessários
para operar e resolver a situação e terem adequada recepção e ação exploratória,
a maior parte das crianças não conseguiu selecionar as informações necessárias
para a realização da atividade. Quando as crianças compararam e encontraram
diferença entre a resposta da solução do problema encontrada no relato oral e a
obtida no registro escrito, demonstraram ansiedade e desinteresse pela
continuidade na execução da tarefa. Essa situação provocou insegurança nos
participantes, pois embora dominassem os conceitos pedagógicos exigidos para a
execução da tarefa, eles realizaram ações corretivas tentando corrigir a
resposta emitida. A maioria das crianças mostrou baixo nível de eficiência, não
acertando os cálculos efetuados. Demonstraram desempenho inadequado na recepção
da informação, na ação exploratória e na representação inicial.
Houve dificuldade em integrar, categorizar e estabelecer a representação das
relações entre os elementos do problema. Os dados foram coletados de forma
assistemática, saltando a lógica que organiza e leva diretamente para uma
resposta adequada.
Os indivíduos com hipotireoidismo congênito realizaram constantemente uso de
recursos manipulativos para certificar a solução encontrada. Não fizeram uso de
estratégias para garantir a coerência das informações e isso interferiu nos
processos cognitivos que processaram uma quantidade limitada de informações
dentre o grande montante de elementos disponíveis, comprometendo a execução
final da tarefa.
Em cada uma destas etapas, as crianças com hipotireoidismo congênito foram
capazes de autorregular suas ações cognitivas, embora na resolução final da
situação-problema não conseguissem acessar as informações codificadas. Ficou
evidenciado o comprometimento efetivo na execução final da tarefa proposta.


CONCLUSÃO
Nesta avaliação, as crianças com hipotireoidismo congênito apresentaram
alterações nos processos executivos, demonstrando dificuldades de processamento
de informação. Esse processamento é de grande influência sobre as atividades
escolares das crianças, especificamente na solução de problemas e exercícios
realizados nas atividades matemáticas. Estas alterações podem dificultar um
adequado rendimento acadêmico, sendo importante o uso de recursos pedagógicos
diferenciados na matemática escolar para as crianças com hipotireoidismo
congênito.
Rev. psicopedag. vol.26 no.81 São Paulo  2009

Anelise CaldonazzoI; Paula Fernandes; Tatiana de Sá Riech; Carolina Santos;
Maura Mikie Fukujima Goto; Maria Tereza Baptista; Gil Guerra Jr.; Sofia
Lemos-Marini; Lília D'Souza-Li
IFarmacêutica; Bioquímica; Pedagoga; Neuropsicopedagoga; Mestre em Saúde da
Criança e do Adolescente

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